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Tinturaria dos Panos de Lã

Esta sala era o espaço mais nobre da tinturaria; nela se tingiam os mais variados panos nas mais variadas cores.

A musealização desta sala salienta a importância histórica do trabalho dos lanifícios na Covilhã e clarifica algumas operações de fabrico dos panos tais como as da cardação, da fiação, da tecelagem e da tinturaria.

Estão expostos alguns instrumentos ligados à fiação e à tecelagem, procurando-se reconstituir através deles todo um ambiente vivido ao longo dos tempos, não só na Covilhã como em grande parte das localidades da região, tanto a nível doméstico como manufactureiro e principalmente fabril, dado que o espaço original do Museu foi o de uma fábrica.

Reprodução da Tinturaria dos Gobelins (Paris)

Gravura, extraída da Encyclopédie de Diderot et d'Alembert, séc. XVIII, que demonstra como terá funcionado esta área.

Projectada como uma manufactura, a Real Fábrica de Panos teve como modelo a Tinturaria dos Gobelins.

 

Na área delimitada por um gradeamento de ferro preservam-se as estruturas graníticas de suporte das caldeiras de cobre, usadas para o tingimento, a quente, dos panos de lã, depois de terem saído dos teares.

Tear de pisos ou liso, também conhecido como tear de pau devido à sua construção em madeira. Destinava-se a ser trabalhado preferencialmente por homens.

Através do cruzamento dos fios da teia com os fios da trama, conduzidos por uma lançadeira de ferro, obtinham-se os panos.

Roda de fiar a pedal

Instrumento utilizado sobretudo por mulheres. Tinha por função estirar a lã cardada e fazer o fio para posterior utilização nos teares.

Caneleira com um banco de pequenas dimensões, provavelmente utilizada por crianças que enchiam as canelas para as lançadeiras do tear.

Na Real Fábrica de Panos funcionava um internato de crianças, órfãs e abandonadas, que aqui aprendiam um ofício.

Na Tinturaria dos Panos de Lã encontram-se duas fornalhas em granito, alimentadas através das bocas existentes nos Corredores para a lenha, que era colocada sob as caldeiras – as quais eram de cobre – pelo fornalheiro, o que permitia o tingimento por ebulição, que variava entre os 95º e 100º centígrados, temperatura que se deveria manter constante. Aqui eram tintos tecidos a azul, processo que requeria uma temperatura mais alta. Na parede, junto a estas duas fornalhas, encontra-se uma gravura que representa o tingimento de tecidos com a ajuda de um sarilho, peça que permitia que os panos fossem mergulhados no banho sempre na vertical, com a ajuda de rodos (paus compridos que para além de imergirem os tecidos também tinham por função mexer o banho, de forma a que a mistura se mantivesse sempre homogénea). Na parede encontram-se também dois orifícios, um para o encaixe do sarilho e outro correspondente a uma entrada das caleiras de granito que transportavam a água.

Aspecto geral da Tinturaria dos Panos de Lã, dividida por dois arcos de volta perfeita. Nesta ala da sala estão expostos, para além dos teares, uma carda manual com cavalete, que servia para abrir a lã (este objecto permitia que a pessoa designada para essa função estivesse sentada) e uma roda de fiar a pedal, que transformava a mecha da lã em fio. Este, ainda pouco resistente, passava para a caneleira manual, na qual se dava mais resistência ao fio, sendo essencialmente um trabalho realizado por crianças que nesta manufactura se encontravam alojadas em regime de internato.

Estão também expostos nas várias vitrinas objectos relacionados com a actividade manufactureira, desde cardas manuais e vegetais ao relógio de sol da fábrica, faianças, cerâmica, estuque, pedaços de azulejaria pombalina, tijolo "burro" (tijolo de barro cozido bastante resistente às altas temperaturas) e exemplares de telhas tipicamente portuguesas, de cobertura do edifício.

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